22 de fevereiro de 2010

Indo ao ginecologista em Dubai

Confesso que adiei o máximoooo que pude, pois a idéia de ir ao ginecologista nos Emirados estava me deixando um pouco tensa. Ultrapassado o medo tendo em vista a necessidade, vamos lá! Fui a uma médica alemã indicada por uma brasileira.
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Consulta às 15:00, chego 15:10 (me perdi) e sou atendida 15:12 (nossa, que delícia!!! no Brasil eu mofava 3h, no mínimo). A enfermeira me pesa, avalia minha pressão, verifica minha temperatura. Cinco minutos depois, estou com a médica. Muita simpática, conversamos sobre meu passado, meu presente, etc.
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A salinha de exame dela fica ao lado, vou para lá. Ai que começa o PROBLEMA. Diferente do Brasil, aqui você tira a parte de baixo da roupa e fica lá, livre, leve e solta...rsrrs. Nem um aventalzinho eles te dão para tentar dar uma "quebrada no clima". Aí, desse jeito, você senta numa cadeira igual de dentista (não cama como no Brasil); a médica chega, faz a ultra sonografia e o exame, sem nenhum lençol separando o paciente da médica, nada. Ou seja, você fica de cara para a médica, vendo tudo (e a enfermeira também). Horroroso e constrangedor. Depois disso, você coloca a roupa e vai conversar com ela.
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Conversa vai, conversa vem, ela pede alguns exames de sangue. Ao contrário do Brasil, a própria médica colheu o sangue, ali mesmo. Achei isso o MÁXIMO!!!! Sem aquela chatice de ter que ir outro dia na laboratório, etc. Tá, fiquei assustada quando ela colocou o elástico e, em pé, apoiou meu braço na perna dela...ou seja, qualquer bobeada, sabe-se lá onde aquela agulha ia parar (meu braço ficou roxo até).
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RESUMO DA ÓPERA:
(-) O preventivo em si prefiro o jeito do Brasil, pois é menos constrangedor. Além disso, estranhei o fato dela não ter examinado a parte superior. Mas no final da consulta ela me disse que faria isso na próxima consulta (?).
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(+) Achei bárbaro o fato de fazermos a ultra e o exame de sangue ali mesmo; economiza um tempo enormeeee! Sei que no Brasil alguns consultórios também fazem ultra, mas são exceção. Amei também não ter que esperar 3h para ser atendida.
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Outra coisa curiosa: essa brasileira que me deu a indicação me disse que já é a quarta médica que ela tenta; as anteriores tinham um jeito estranho de examinar, pois nem tocavam na paciente (??)....vai entender!

Bjs, Ju.

11 de fevereiro de 2010

"Uma ofegante epidemia que se chamava carnaval"

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"O carnaval, o carnaval. Vai passar...".
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Em algum lugar do mundo vai passar, menos aqui. Nenhum sinalzinho de carnaval, uma pena. Não que eu seja SUPER FÃ do carnaval em si, nem tanto. Explico o motivo: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Em outras palavras: ou você viaja ou você fica. Se viajar: de carro, horas e horas de engarrafamento, lugares cheios, preços lá em cima. Se ficar, cidade lotada, praia insuportável, bloquinhos na rua (erggg).

Nos últimos dois carnavais que passei no Brasil, eu fiquei no Rio. Nossa, não gostei muito não. Eu juro que eu tento gostar daqueles bloquinhos de rua, sempre me forço a ir. MAS NÃO ROLA MESMO. Festa estranha com gente esquisita, lotado, galera aloprada, ahhh... Não. Definitivamente, não é minha praia.

desfilei no sambódromo há muitos anos e amei. Confesso que tenho muita vontade de repetir a dose, acho que vou gostar. Outra coisa que acho que poderia ser bacana é o carnaval em Salvador (nunca fui). Tudo bem, aquela muvucada, roubo de abadá, entre outras coisas, me dão medo só de pensar. Mas gosto da música (nem todos são perfeitos, rsrs) e adoro dançar; Salvador me passa esse clima. Posso estar enganada.

A verdade é que sempre gostei do efeito que o carnaval causa nas pessoas (assim como no fim do ano). As pessoas ficam alegres, descontraídas; gosto disso. Sinto falta disso...Mas, quem sabe, um dia, afinal, teremos direito "a uma alegria fugaz, uma ofegante epidemia que se chamava carnaval, o carnaval, o carnaval"*. .


Bom carnaval para vocês. Juízo! :)

*"Vai passar", Chico Buarque. Adorooo!!!

4 de fevereiro de 2010

Indignada!

Como "nem tudo sao flores", tem horas que da vontade sair correndo e pegar o primeiro voo para o Brasil.

Estou irritada...vou contar o ocorrido: eu precisava enviar uma carta pelo correio (para atender à uma burocracia daqui, claro). Ja falei isso antes e repito: nossos Correios estão a anos luz na frente do que acontece aqui.

Para mandar tal carta, preciso: de um selo e de uma caixa daquelas de por correspondências, sabe? Perto da minha casa tem a caixa, mas não tem selo. Na faculdade, tem o selo, mas não tem a caixa (que inteligente!). E esse selo que eles vendem ninguém sabe se vale ou não. Na dúvida, vamos ao Post Office. No post office você compra o selo e coloca na caixa vermelha do lado de fora (não é como no Brasil que ja vai direto).

Hoje tenho aula às 18h, entao pensei: vou sair às 16h30, passar no Post Office (meio do caminho) e depois vou para a aula (distancia total uns 5 km). Beleza. Pego um taxi e dou de cara na porta: cheguei às 16h50 e fechava às 16h...OTIMO! Como eu poderia saber? Ah, olhando no site, né? Fiz isso, mas cada post office tem um horario específico de funcionamento e, além disso, não é possível identificá-los (i.e., no site fala "Post office florzinha", sem endereço. Você tem que deduzir que o florzinha fica em Ipanema e não em Duque de Caxias).

Ok. Entao vou para a aula. Cadê o taxi??? NAO TEM. Nesse horário é quase impossível achar um vazio. Solução? Ir andando (nao rola, a cidade não tem calçadas) ou buzão, sendo que o ponto estava a milhas de distância (aqui só para no ponto, não é essa zona verde e amarela). Para melhorar o cenário, está rolando uma pré-tempestade de areia na cidade hoje.

Quase uma hora depois estou na facul, toda suada, com cabelo duro de tanta AREIA e com a carta na mão....ERGGGGGGGGG!!!!!!!!!!!!!!!!

3 de fevereiro de 2010

A justiça nos Emirados

Dia da primeira aula de penal II. Esse momento é muito esperado pelos estudantes, pois passamos a analisar os crimes propriamente ditos. Estávamos esperando o professor chegar quando, de repente, entra na sala uma figura ímpar: terno impecável, cabelo arrumado e sapato reluzindo (aquele modelo preto e branco, sabe?); uma figura digna de filme do Al Capone.

A peça tratava-se de um advogado criminalista famoso, que defendia criminosos ricos e/ou famosos. Segundo ele, até um cantor famoso encrencado havia o procurado na época para fazer um orçamento, mas desistiu pois achou muito caro (rsrs). Vai saber.

No meio do teatro (característica desses advogados que fazem tribunal do júri), ele disse uma coisa que me marcou até hoje. Ele disse:

Defendo os criminosos sim. Somos seres humanos; todos temos o direito de errar e, quando o fazemos, temos direito a defesa. Só tem um crime que eu não defendo.

Nos entreolhamos pensando qual seria... Em seguida, depois de um certo suspense, ele continuou:

O crime de estupro.

Segundo o professor, os criminosos sabem muitos crimes pelo número do artigo do código penal (no caso do estupro, art. 213). Então, quando chega um 213, ele tem que ficar em cela separada, senão podem ser agredido ou morto pelos demais. Ou seja, os próprios presos repudiam tal crime.
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Aqui nos Emirados nós ouvimos muitas histórias. Outro dia uma notícia na revista The Economist me deixou muito surpresa: uma inglesa de 23 anos, descendente de paquistaneses, veio passar o Ano Novo em Dubai. No dia 31, ela e o noivo foram a uma festa em um hotel cinco estrelas. Como a maioria costuma fazer nesse dia, ela bebeu para comemorar; no meio da festa, resolveu ir ao banheiro e lá foi estuprada pelo garçom.

Ela e o noivo foram à delegacia para comunicar o ocorrido; bingo, prisão decretada! Do estuprador? Não, da inglesa. Durante o interrogatório, ela confessou ter bebido e também que tinha relações com seu noivo. Na revista não fala nada, mas ficou subentendido que a menina era muçulmana.

Nesse caso (uma festa em um hotel), que eu saiba não é proibido beber (desde que você não seja muçulmano). Entretanto, a lei aqui proíbe que homem e mulher morem juntos ou dividam quarto de hotel sem que haja vínculo matrimonial ou familiar entre eles (isso vale para nós também).

Segundo a reportagem, a inglesa está proibida de sair do país enquanto aguarda o julgamento. Leia a íntegra do texto aqui.
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Update (04/02/2010): Segundo a BBC, foram retiradas as acusações (i) contra o casal (crime: relações fora do casamento); (ii) contra o garçom indiano acusado do estupro. Entretanto, eles ainda responderão por terem consumido bebidas alcoólicas. Leia a íntegra aqui.